A Coordenadoria de Políticas de Igualdade Racial (Cpir) e o Conselho Municipal de Promoção à Igualdade Racial (Compir) anunciaram, nesta semana, que irão denunciar o padre Valdiney Ferreira Eduardo, pároco da igreja de Santa Teresinha, ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). A denúncia é motivada por declarações feitas pelo padre em redes sociais, onde ele classificou manifestações religiosas de matrizes africanas, realizadas durante as celebrações do Dia da Abolição, como atos de profanação.
De acordo com
representantes do Cpir e do Compir, as declarações do padre configuram um crime
de intolerância religiosa. Para marcar a denúncia, ambos os órgãos realizarão
um ato de protesto na próxima quarta-feira (29), na praça da igreja Santa
Teresinha. A manifestação contará com a presença dos ternos de congadas de
Uberaba, que tradicionalmente participam das celebrações culturais e religiosas
da cidade.
Além disso, uma
manifestação será realizada no Memorial Zumbi dos Palmares, na avenida Getúlio
Vargas, onde serão esclarecidos os direitos à diversidade religiosa garantidos
pela Constituição Brasileira. "Do Memorial, vamos seguir em direção ao
nosso território, porque, afinal de contas, a igreja é também o nosso
território", afirmou Maria Abadia Vieira da Cruz, representante do Compir.
O padre Valdiney
Ferreira Eduardo, que está há dois anos à frente da paróquia Santa Teresinha,
afirmou em publicação que nunca convocou os fiéis para participarem das
manifestações de congada, referindo-se a elas como “profanação”. Segundo ele, a
realização dessas manifestações na igreja é determinada pela Arquidiocese, que
sempre envia um padre para acompanhá-las. O padre destacou ainda que, após
esses eventos, é realizada uma oração de desagravo e aspersão de água benta.
A Fundação Cultural de
Uberaba “Professor Antônio Carlos Marques” emitiu uma nota de repúdio ao ato do
padre, classificando-o como preconceituoso e intolerante. A nota, no entanto,
não menciona o nome do sacerdote.
A Arquidiocese de
Uberaba também se posicionou, através de uma nota assinada pelo vigário-geral,
padre Saulo Emílio Pinheiro Moraes, dirigida à comunidade afro uberabense e às
manifestações culturais de congadas. A nota reafirma que a Arquidiocese sempre
acolheu essas manifestações de fé, que fazem parte do sincretismo religioso do
catolicismo popular, e se posiciona contra qualquer forma de discriminação ou
preconceito.
A assessoria de imprensa da Cúria Metropolitana informou que o arcebispo dom Paulo Mendes Peixoto, que está em viagem, se manifestará sobre o assunto após seu retorno.
A denúncia ao
Ministério Público e as manifestações públicas ressaltam a importância da
defesa da liberdade religiosa e do respeito à diversidade cultural, valores
fundamentais em uma sociedade democrática.


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