Por REDAÇÃO do Jornal DM News | Siga nas Redes Sociais
O acúmulo
de funções por parte de profissionais da imprensa que atuam simultaneamente no
setor público — como assessores parlamentares — e no setor privado, como
jornalistas, tem levantado debates sobre ética, transparência e liberdade de
imprensa no cenário regional. A prática, embora legal em muitos casos, desperta
questionamentos sobre potenciais conflitos de agenda e desequilíbrio no acesso
à informação política local.
Na política
municipal, é comum encontrar jornalistas que conciliam sua rotina profissional
entre mandatos legislativos e veículos de comunicação independentes. Essa
sobreposição de papéis, no entanto, desafia os limites entre o interesse
público e o dever de informar de forma imparcial.
O dilema entre assessoramento e jornalismo
A linha que
separa a assessoria política e o jornalismo pode ser tênue. Enquanto assessores
parlamentares trabalham para construir narrativas favoráveis a seus
representados, jornalistas têm a missão de fiscalizar o poder público e
garantir transparência. Quando essas funções se cruzam em um mesmo
profissional, surge o risco de priorização seletiva de pautas, silenciamento de
temas sensíveis e controle indireto da agenda pública.
“Não se
trata apenas de legalidade, mas de responsabilidade ética e jornalística. Quem
informa o público precisa estar atento aos limites do seu papel social”, afirma
um especialista em comunicação política da Universidade Federal de
Uberlândia.
Impactos sobre a cobertura política local
Em
municípios de médio porte, como Uberaba, a proximidade entre imprensa e
política é ainda mais evidente. A concentração de jornalistas com vínculos
diretos com gabinetes parlamentares pode influenciar na seleção de pautas e no
tom da cobertura jornalística. Isso pode gerar uma percepção pública de
parcialidade e dificultar a circulação de informações plurais sobre os rumos da
cidade.
Por outro
lado, defensores da prática argumentam que o acesso privilegiado a informações
internas permite apurações mais completas e aprofundadas. O desafio está em
garantir que esse acesso não seja usado para silenciar fatos relevantes ou
proteger interesses particulares.
Ética, transparência e políticas públicas
O debate
sobre o duplo exercício profissional também toca em questões de políticas
públicas. A ausência de normas claras sobre impedimentos ou transparência nas
atividades paralelas de jornalistas em funções públicas cria brechas para
conflitos de interesse. Especialistas sugerem que códigos de conduta e
mecanismos de controle social poderiam minimizar esses riscos e reforçar a
credibilidade da imprensa local.
A imprensa
livre é um pilar democrático. Para que cumpra seu papel de fiscalizar e
informar com independência, é fundamental que os profissionais que transitam
entre os dois campos mantenham clareza de funções, limites éticos e compromisso
com o interesse público.
📝 “Liberdade
de imprensa não é apenas publicar o que se quer — é também responsabilidade de
informar com transparência e independência.”





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