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O caso da
americana que provocou a própria cegueira expõe os perigos do transtorno de
identidade de integridade corporal e a urgência de ampliar o debate sobre saúde
mental
[ALERTA:
o texto a seguir aborda assuntos relacionados a saúde mental. Caso a matéria desperte gatilhos ou você conheça alguém que
precise de ajuda, procure o Centro de Valorização à Vida, disponível 24 horas
pelo telefone 188, ou o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) mais próximo]
A história
de Jewel Shuping, que decidiu provocar intencionalmente a própria cegueira,
trouxe à tona uma condição psicológica rara e ainda pouco compreendida: o
transtorno de identidade de integridade corporal (TIIC). O caso, que ganhou
repercussão mundial, abre espaço para uma reflexão sobre os limites da mente
humana e os desafios da psiquiatria contemporânea.
Segundo
relato publicado pela revista People, Shuping usou um produto químico
corrosivo nos olhos quando tinha 21 anos, com o auxílio de um psicólogo. A
exposição causou perda gradual da visão até a cegueira quase completa. O gesto,
embora extremo, reflete a força do TIIC, no qual a pessoa sente que apenas
adquirindo uma deficiência poderá viver em harmonia consigo mesma.
Pesquisadores
apontam que o transtorno está associado a fatores neurobiológicos, genéticos e
ambientais, mas não há consenso sobre suas causas. Especialistas defendem que o
acompanhamento psiquiátrico, aliado à terapia cognitivo-comportamental, pode
reduzir os impulsos autodestrutivos e oferecer alternativas de enfrentamento.
A gravidade
do distúrbio vai além da esfera individual. Shuping alertou que pessoas com
TIIC podem se expor a riscos extremos, como acidentes intencionais para perder
membros ou a mobilidade. Esse dado reforça a necessidade de políticas públicas
de saúde mental que avancem na identificação precoce e no tratamento desses
casos.
No Brasil,
onde os serviços de saúde mental ainda enfrentam carência de profissionais e
longas filas de espera, a discussão é urgente. Uberaba e cidades do interior,
por exemplo, lidam com a escassez de centros especializados, o que dificulta o
acesso de pacientes a diagnósticos e terapias adequadas.
O episódio
de Jewel Shuping não deve ser tratado apenas como curiosidade mórbida, mas como
um alerta. Ele revela a complexidade das doenças da mente e a importância de um
olhar atento da sociedade e do poder público. Ao ampliar a compreensão sobre o
TIIC e investir em saúde mental, é possível transformar histórias de sofrimento
em trajetórias de cuidado e dignidade.



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