Por REDAÇÃO do Jornal DM News | Siga nas Redes Sociais
Horários
extensos e contratos precários evidenciam desafios na valorização da mão de
obra no comércio em Uberaba e em Minas Gerais
O setor
supermercadista de Uberaba e de Minas Gerais enfrenta dificuldades estruturais
para atrair e reter trabalhadores, um problema que vai além da mera escassez de
mão de obra. Horários prolongados, trabalho aos finais de semana e condições
pouco atrativas convivem com práticas empresariais que priorizam contratos
temporários e alta rotatividade, comprometendo direitos trabalhistas e a
dignidade do trabalhador.
A escassez
de trabalhadores, frequentemente apontada como justificativa pelas redes de
supermercados, esconde uma prática recorrente de contratação por períodos
temporários ou de experiência, seguida de desligamento, evitando encargos
trabalhistas e compromissos de longo prazo. Especialistas em direito do
trabalho alertam que tais condutas podem configurar violação de princípios
constitucionais, como a dignidade da pessoa humana e a proteção ao trabalho,
além de normas estaduais e municipais que garantem valorização do trabalho e
emprego digno.
Segundo
advogados e consultores de gestão de pessoas, práticas como “pejotização”,
prolongamento irregular de contratos de experiência, restrição à ascensão
funcional e demissões sistemáticas são recorrentes no setor. A consequência
imediata é a rotatividade elevada, que compromete a continuidade das operações,
reduz a qualificação interna e prejudica a relação com a comunidade local,
especialmente em cidades como Uberaba, onde a economia local depende de
comércio estável.
O problema
não se limita à falta de trabalhadores qualificados, mas reflete ausência de
políticas empresariais voltadas à retenção e desenvolvimento de funcionários.
Incentivos à formalização, programas de capacitação e planos de carreira
poderiam reduzir a rotatividade e aumentar a produtividade, ao mesmo tempo em
que garantem o respeito aos direitos sociais previstos na Constituição e na
legislação local.
Fiscais
trabalhistas e especialistas ressaltam ainda que a fiscalização ativa é crucial
para coibir práticas que transformam trabalhadores em mão de obra descartável,
promovendo um equilíbrio entre competitividade empresarial e proteção social. A
integração entre órgãos municipais, sindicatos e empresas pode criar uma
cultura de valorização do trabalho que beneficie tanto empregadores quanto
trabalhadores e fortaleça a economia local.
A crise de
retenção de trabalhadores no setor supermercadista evidencia a necessidade de
mudanças estruturais profundas, que conciliem eficiência operacional com
respeito aos direitos laborais. A adoção de políticas de valorização e
qualificação pode transformar o cenário, garantindo empregos dignos,
estabilidade econômica e desenvolvimento sustentável para Uberaba e regiões
vizinhas.



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