Pesquisa mostra que dívidas, consumo e falta de planejamento estão entre
os principais fatores de desgaste em relacionamentos
Por Redação
do Jornal DM News | Siga nas Redes Sociais
Brigar por
dinheiro segue sendo uma realidade amarga para a maioria dos casais
brasileiros. Uma pesquisa da Serasa revelou que mais da metade das famílias
admite discutir por causa de finanças, e quase 50% confessaram esconder gastos
ou dívidas do parceiro – a chamada infidelidade financeira. O tema,
ainda cercado de tabu, escancara o peso que a má gestão do orçamento pode ter
sobre a estabilidade emocional e afetiva.
De aliado a
armadilha, o cartão de crédito responde por quase 30% das dívidas em atraso no
país, segundo a Serasa. O problema se agrava quando um dos parceiros assume
parcelas sem o conhecimento do outro, minando a confiança e desequilibrando o
orçamento doméstico.
Especialistas
em finanças alertam que o mau uso do crédito se tornou uma das principais
fontes de atrito conjugal. Para José Cesar da Costa, presidente da Confederação
Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), o risco está no desconhecimento: “Mais
de 80% dos consumidores que recorrem ao rotativo não sabem quanto pagam de
juros”. A falta de informação, segundo ele, potencializa o
superendividamento e fragiliza a vida financeira das famílias.
Outro ponto
que alimenta tensões é a diferença de hábitos de consumo. Enquanto um parceiro
pode priorizar lazer imediato, o outro projeta economia de longo prazo. Essa
dissonância, se não for discutida com clareza, abre espaço para ressentimentos.
O psicólogo
Osvaldo Marchesi Júnior ressalta que experiências de vida e educação moldam a
forma como cada indivíduo se relaciona com o dinheiro. “Quando as diferenças
não são debatidas, acumulam-se desentendimentos que corroem a relação”,
observa.
Sem
planejamento financeiro em comum, casais caminham para destinos distintos. A
ausência de metas compartilhadas – como a compra de um imóvel ou a construção
de uma reserva para aposentadoria – gera frustração e desgaste. A falta de
diálogo transforma o dinheiro em um tema de conflito, e não de cooperação.
A forma de
repartir os gastos é outro fator decisivo. O modelo “meio a meio” ainda é
predominante, mas pode ser injusto em lares onde há diferença de rendimentos.
Para a planejadora financeira Thaisa Durso, a divisão proporcional é mais
adequada. Se um parceiro ganha R$ 6 mil e o outro R$ 4 mil, uma conta de R$ 2
mil poderia ser dividida em 60% e 40%, equilibrando esforços.
Em Uberaba,
cidade com forte dependência do comércio e serviços, os efeitos das dívidas
familiares se refletem na economia. Dados da Fecomércio-MG apontam que o
endividamento das famílias mineiras ultrapassa 76%, índice que também atinge
lares uberabenses. O uso do cartão de crédito aparece como principal causa.
Além disso, instituições como o Procon Uberaba registram alta nas queixas
relacionadas a cobranças abusivas e renegociações de dívidas.
Esse
cenário mostra que a saúde financeira dos casais não é apenas uma questão
privada: ela impacta diretamente o consumo local e a dinâmica econômica
regional.
A análise
dos especialistas converge em um ponto central: não se trata apenas de números,
mas de confiança. Quando há silêncio sobre dívidas ou falta de clareza sobre
prioridades, o impacto vai além do orçamento – atinge a base da relação.
O desafio, portanto, é transformar o dinheiro de motivo de briga em ferramenta de construção de projetos comuns. Mais diálogo, planejamento e educação financeira podem reduzir conflitos e fortalecer vínculos.
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