Por REDAÇÃO do Jornal DM News | Siga nas Redes Sociais
O serviço público brasileiro vive hoje um ponto de inflexão: a sobreposição de gerações com trajetórias, expectativas e competências distintas desafia modelos tradicionais de gestão. Nesse cenário, a crescente atenção à neurodiversidade, em especial ao Transtorno do Espectro Autista (TEA), amplia a urgência por políticas inclusivas que valorizem tanto a experiência acumulada quanto a inovação tecnológica.
O perfil
dos servidores brasileiros reflete o mosaico geracional presente na sociedade.
Os Baby Boomers (1946-1964), ainda presentes em cargos estratégicos, carregam
profundo conhecimento institucional e forte ética de trabalho, mas enfrentam
barreiras com a digitalização acelerada. Já a Geração X (1965-1980) equilibra
tradição e inovação, embora demonstre ceticismo frente a mudanças disruptivas.
Com os Millennials
(1981-1996), consolida-se a demanda por propósito e maior protagonismo na
gestão, em confronto com estruturas hierárquicas rígidas. A Geração Z
(1997-2010), por sua vez, exige transparência, agilidade e serviços públicos
digitalizados, mostrando baixa tolerância a processos burocráticos. E a
emergente Geração Alpha introduz uma lógica inédita: a natividade digital
absoluta, com forte dependência de interfaces tecnológicas.
Ao mesmo
tempo, cresce a necessidade de reconhecer a neurodiversidade como ativo
organizacional. No caso do TEA, avanços diagnósticos revelam um contingente
subaproveitado de profissionais que, quando incluídos, podem contribuir com
alto desempenho em tarefas analíticas, metódicas e criativas. Enquanto gerações
anteriores foram subdiagnosticadas ou mal compreendidas, as mais recentes
trazem maior acesso a recursos de acessibilidade digital e tecnologias
assistivas.
Segundo
especialistas em gestão pública e inclusão social, o desafio não é apenas
adaptar estruturas, mas repensar processos. Isso implica:
1.
Reconhecer o valor da experiência acumulada
dos servidores mais antigos;
2.
Atender às demandas de inovação das novas
gerações, especialmente no campo digital;
3.
Implementar políticas efetivas de inclusão,
que considerem a pluralidade cognitiva como diferencial competitivo.
A
modernização do serviço público brasileiro passa pela capacidade de integrar
gerações, competências e perfis cognitivos distintos. Essa convergência pode
transformar desafios em vantagens institucionais, desde que acompanhada de
políticas consistentes de inclusão e inovação. Uberaba e outras cidades médias
brasileiras, que lidam simultaneamente com estruturas tradicionais e pressões
por digitalização, são exemplos de como o debate local reflete questões
nacionais.
A construção de um serviço público eficiente, representativo e sustentável exige, portanto, não apenas investimentos em tecnologia, mas sobretudo a valorização da diversidade humana como motor de transformação institucional.
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