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DMHC News | Mobilidade e Desigualdade: O Retrato dos Deslocamentos em Uberaba

Censo 2022 mostra que o automóvel é o principal meio de transporte dos trabalhadores uberabenses, enquanto o transporte público segue como desafio urbano


Por REDAÇÃO do Jornal DM News | Siga nas Redes Sociais




Levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta quinta-feira (9), revela que 40,49% dos trabalhadores de Uberaba utilizam automóveis para ir ao trabalho, enquanto o transporte coletivo representa 17,91% dos deslocamentos e as motocicletas, 14,92%. O estudo indica ainda que 70% dos uberabenses levam até 30 minutos para chegar ao trabalho e que o rendimento domiciliar per capita no município é de R$ 1.939,60, acima da média nacional de R$ 1.625,19.





Os dados, parte do módulo Trabalho e Rendimento e Deslocamento para Trabalho e Estudo do Censo Demográfico 2022, traçam um retrato detalhado da mobilidade e da estrutura econômica urbana. Em Uberaba, o tempo médio de deslocamento revela uma cidade de médio porte com fluxo concentrado e dependência do transporte individual. Quase 36% dos trabalhadores levam entre 15 e 30 minutos no trajeto diário, e apenas 8% enfrentam deslocamentos superiores a uma hora.


A predominância do automóvel reflete o modelo de urbanização brasileiro baseado na expansão rodoviária, conforme explica o analista do IBGE Mauro Sérgio Pinheiro: “Esse cenário expressa o histórico nacional de priorizar rodovias e o transporte individual, em detrimento da infraestrutura de transporte coletivo”.


O estudo também mostra que 57,58% da população ocupada de Uberaba atua no setor privado, enquanto 10,73% trabalham no setor público. O trabalho autônomo soma 23,8%, e os empregadores, 3,33%. No contexto nacional, o automóvel também lidera os deslocamentos (32,3%), seguido pelo ônibus (21,4%) e pela motocicleta (16,4%).





A leitura dos dados permite observar que Uberaba segue o padrão das cidades médias brasileiras: crescimento urbano acelerado, mas infraestrutura de transporte público insuficiente. O uso intenso do automóvel tem impactos diretos sobre a mobilidade, o meio ambiente e a qualidade de vida. A dependência do transporte individual reforça desigualdades socioeconômicas, já que o acesso ao carro particular está diretamente ligado à renda — um fator que se confirma no rendimento médio local superior à média nacional.


Para especialistas em planejamento urbano, o desafio está em reverter o modelo rodoviarista e promover políticas integradas de mobilidade sustentável, como ampliação do transporte coletivo, incentivo ao uso da bicicleta e requalificação dos espaços públicos para o pedestre.





Os números do IBGE revelam mais que hábitos de deslocamento: expõem uma estrutura urbana que ainda privilegia o transporte individual em detrimento da coletividade. Em um momento em que as cidades buscam soluções mais sustentáveis, Uberaba tem diante de si a oportunidade de repensar sua mobilidade e equilibrar o direito de ir e vir com qualidade, segurança e acessibilidade.



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