Por REDAÇÃO do Jornal DM News | Siga nas Redes Sociais
O excesso
de narrativas alarmistas fragiliza a confiança pública e distancia a imprensa
local de sua função de agente de cidadania e desenvolvimento
A imprensa
é pilar da democracia e guardiã do interesse público. Em Uberaba, porém,
observa-se um dilema preocupante: veículos de tradição, privilegiam pautas
policiais, crises urbanas e denúncias pontuais em detrimento da análise de
políticas públicas e de caminhos para o progresso coletivo. A opção editorial
por narrativas centradas no medo gera impacto direto sobre a percepção da
sociedade e limita o papel transformador do jornalismo.
O
noticiário diário do "maior" jornal local tem como eixo principal tragédias, operações
policiais, falhas de infraestrutura e escândalos localizados. Embora relevantes
para alertar a população, essas pautas são frequentemente tratadas sob viés
alarmista, com linguagem apelativa que reforça a sensação de caos permanente. O
efeito imediato é o engajamento digital, mas o efeito social é a cristalização
de uma cultura de desconfiança e insegurança.
Esse modelo
contrasta com o princípio basilar do jornalismo responsável, que não se limita
a denunciar problemas, mas também acompanha indicadores, cobra resultados e
fomenta debates estruturantes. Em vez de apenas noticiar que um reservatório
foi fechado pela Codau, por exemplo, caberia investigar planos de
abastecimento, políticas de saneamento e metas de gestão. Do mesmo modo,
acidentes de trânsito ou interdições sanitárias deveriam abrir espaço para
reflexões sobre mobilidade sustentável, fiscalização e políticas públicas de
saúde.
A
contradição entre missão e prática editorial é evidente. Um veículo que deveria
se afirmar como mediador da cidadania acaba operando como reprodutor de notícia
nociva. Ao priorizar o impacto imediato, sacrifica-se o compromisso de longo
prazo com o desenvolvimento sustentável e com a construção de confiança social.
Especialistas em comunicação destacam que a imprensa tem a responsabilidade de
equilibrar denúncia com proposição, sob pena de corroer o tecido democrático.
Os
resultados se refletem na sociedade. Ao reiterar a narrativa do colapso, o
jornal não representa os anseios estratégicos da população: educação de
qualidade, saúde eficiente, mobilidade sustentável, desenvolvimento econômico e
transparência. O discurso da crise permanente afasta o leitor de uma visão de
futuro e compromete a função da imprensa como catalisadora do progresso
municipal.
Uberaba
necessita de um jornalismo que vá além do sensacionalismo. A responsabilidade
social da imprensa exige olhar crítico, mas também compromisso com soluções,
acompanhamento de políticas públicas e estímulo à participação cidadã. Ao optar
por narrativas nocivas, a empresa reduz sua relevância social e se distancia da
missão de ser parceiro estratégico do desenvolvimento local. O desafio que se
impõe é claro: transformar a denúncia em instrumento de mudança e reafirmar o
jornalismo como guardião da democracia e do futuro coletivo.



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