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Carência de
planejamento regional e fragilidade política impedem que a microrregião
transforme riqueza agrícola e cultural em desenvolvimento sustentável
Uberaba,
tradicional polo do Triângulo Sul de Minas, vive uma contradição histórica. De
um lado, o município reúne ativos econômicos robustos, como o agronegócio de
alta produtividade, a pecuária de corte e leiteira reconhecida nacionalmente,
além de universidades, centros de pesquisa e um patrimônio cultural expressivo.
De outro, padece da falta de projetos estruturantes que integrem essas
potencialidades em um plano de desenvolvimento socioeconômico duradouro. O
resultado é uma estagnação que se reflete não apenas no município, mas também
nos demais integrantes da microrregião.
Uberaba
possui posição geográfica estratégica, situada entre os eixos de escoamento
para São Paulo, Goiás e o Centro-Oeste, mas não aproveita plenamente esse
diferencial logístico. A ampliação do aeroporto local, a modernização da malha
ferroviária e a criação de distritos industriais intermunicipais poderiam
transformar a cidade em hub de integração regional. No campo cultural, a
herança do espiritismo e a tradição agropecuária têm potencial turístico ainda
subutilizado, que poderia ser estruturado em roteiros integrados, atraindo
visitantes e fortalecendo o setor de serviços.
Na
agricultura, embora a região seja referência em produção de grãos, leite e
carne, falta maior diversificação produtiva e agregação de valor.
Agroindústrias, cooperativas e parcerias tecnológicas poderiam impulsionar a
exportação de produtos beneficiados, em vez de commodities in natura.
Um dos
entraves mais graves para a consolidação de Uberaba como liderança regional é a
dificuldade em eleger representantes para a Assembleia Legislativa de Minas, o
Congresso Nacional e o Senado. Essa lacuna política limita o acesso a recursos,
projetos federais e influência nas decisões estratégicas para o Estado.
A teoria
política explica que regiões que não conseguem consolidar lideranças
parlamentares acabam relegadas a segundo plano no jogo de prioridades
orçamentárias. Na prática, a falta de união entre associações comerciais,
clubes de serviço e entidades religiosas de Uberaba amplia essa fragilidade.
Embora existam cidadãos engajados e aptos a ocupar cargos de representação,
cada grupo atua de forma isolada, defendendo interesses particulares. Essa
desarticulação mina a força coletiva necessária para projetar a cidade no
cenário político estadual e nacional.
O
“definhamento político” de Uberaba resulta da ausência de coesão social e de um
projeto regional de longo prazo. Enquanto municípios vizinhos conseguem se
articular em blocos representativos, Uberaba permanece fragmentada. Sem
parlamentares próprios, a cidade depende de alianças externas, muitas vezes
frágeis e condicionadas a interesses de outras localidades.
A missão do
poder público municipal, em conjunto com entidades privadas, deveria ser a de
formular um Plano Regional de Desenvolvimento Integrado, capaz de alinhar
demandas agrícolas, culturais e sociais em torno de objetivos comuns. A falta
dessa estrutura condena a microrregião a desperdiçar seu potencial e a assistir
ao crescimento de polos concorrentes.
Uberaba tem
capital humano, econômico e cultural para se destacar no cenário mineiro. O
desafio é romper a lógica de fragmentação, transformar potencial em projeto e
devolver ao Triângulo Sul a relevância que a sua história lhe conferiu.




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